sexta-feira, 5 de março de 2010

A conquista da Felicidade Por : Bertrand Russel , filósofo inglês.

A felicidade fundamental depende, mais do que qualquer outra coisa, do que se poderia chamar de interesse cordial pelas pessoas e pelas coisas.


         O interesse cordial pelas pessoas é uma forma de emoção afetiva, mas não uma forma envolvente e possessiva, em busca sempre de uma resposta enfática. Essa última forma é,muito freqüentemente, uma fonte de infelicidade. A espécie que contribui para a felicidade é aquela que nos faz gostar de apreciar as pessoas e encontrar prazer em seus característicos pessoais, que deseja fornecer um motivo para o interesse e o prazer daqueles com quem entramos em contacto, sem que desejemos adquirir poder sobre eles ou assegurar a sua admiração entusiástica. O indivíduo cuja atitude para com os outros seja, verdadeiramente, desta espécie, será uma fonte de felicidade, sendo, por sua vez, alvo da bondade dos outros. Suas relações com os demais, sejam elas ligeiras ou profundas, satisfarão tanto aos seus interesses como aos seus afetos; não se sentirá amargurado diante da ingratidão, já que raramente deparará com ela, e não tomará conhecimento dela, se surgir em seu caminho. As mesmas serão, para ele, uma fonte de calmo divertimento. Conseguirá sem esforço os resultados que um outro homem, após longos esforços, considerará inatingíveis. Sendo ele próprio feliz, será companheiro agradável, e isso lhe aumentará ainda mais a felicidade. Mas tudo isso tem de ser uma coisa genuína; não deve nascer de uma idéias de auto-sacrifício inspirada por um sentimento de dever. O sentimento de dever é útil no trabalho, mas ofensivo nas relações pessoais. As pessoas desejam ser apreciadas, e não suportadas com paciente resignação. Gostar-se espontaneamente e sem esforço de muitas pessoas constitui, talvez, a maior de todas as fontes de felicidade pessoal.

        O interesse cordial pelas coisas. Essa frase talvez possa parecer forçada; poder-se-á dizer que é impossível haver de nossa parte um sentimento cordial para com as coisas. Não obstante, há algo análogo à amizade na espécie de interesses que um geólogo sente pelas rochas, ou que um arqueólogo sente pelas ruínas, e este interesse deve ser um dos elementos em nossa atitude para com os indivíduos ou as sociedades.

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