sexta-feira, 25 de novembro de 2011

mãos salgadas


        Alma partida na porta trancada
        Chave engolida pelo desencanto.
        Geme no peito uma discórdia cálida
        Amor derrama fel e tremido pranto.                                   
                                              
        Longo sonho ficou sob um tapete.
        Quanta maldade na poeira quente.
     Quanta vil verdade tornada ao chão...                                                                                                
      Desprezam lembranças do coração.
                                          
       Intenções de serpentes no olhar
       Carregam ingênuos olhos de mar,
       Mãos salgadas e perdidas pendem
                                              
      Rasgados os poemas que mentem,
      Fortalecidas antigas feridas,
      Sentimentos silenciaram vidas.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Mais uma noite






Presságios em meus olhos 
e não julgo tua vontade
faria-me desprezar
regras e conceitos,
acertos e tropeços...


peço tanto  para não sentir ,mas
tudo tem sido uma louça na parede
apenas de passagem 
 embora sempre ali
será?
seu silêncio é tênue cárcere
e se amar é  para sempre
 tenho tanta vontade de ser mais simples
 Há sombra em meu caminho
busco o  motivo
da alma desalinhar o tempo 
e apenas me esqueço de mim...
enfim, mais uma noite
a solidão e o sonho
tecem minhas mortes.

sábado, 10 de setembro de 2011

Oscilando...



Imploro tantas vezes
para que tudo se acabe!
Mas depois esqueço de pensar,
fico a imaginá-lo parado,
sentado, com perdido olhar.

Fica você para sempe
na sombra de um delírio...
sempre em meu peito todo vazio,
assoviando  uma única realidade,
como se fosse a mais pura verdade...

Dos fragmentos que me restam,
Pouco me comove para supor
que os dias de desafeto e de  frio
já perecem, esfacelam-se...

Talvez a caminhada
 já tenha chegado realmente ao fim.
Só nós dois nesta estrada?
E os segredos... pouco quero esconder
Mas o medo grita para eu me conter.

 A vida é tão rápida!
Quebra o espelho da ilusão...
Está em soluços  meu coração!
A razão chora por um sorriso,
o pensamento dói, mas finjo .
Já ressequidos  estão os sonhos,
já lentos os impulsos
De um dia, de repente,
a venda dos seus olhos
Desfazer;
e quando penso
em acabar logo com isso
vem você com o olhar fundo
 mais  perdido do mundo.
Por que de você preciso?




quinta-feira, 23 de junho de 2011

Despedaçado

Parece que ainda estou sozinha

Quais caminhos, então, deixar para trás?

Por quais sonhos lutar?

Ardem meus olhos, agora,

gotas poucas...

Arde o peito como se fosse arrebentar

E o que não sou é sempre mais bonito

Esse eu plural, tão entrecortado

Tão despedaçado

De tanto medo  imaginar...

Quero aquietar

Quero aquietar

Tua química

Em qualquer

“quando der”...

Por enquanto,

São  sonhos

(quase séculos)

chamando-te querido

na quina do olhar...

Quinhão obscuro,

quase delírio,

quase maldade,

que ao vê-lo

preciso suportar!

Quixote na alma

Quando te vejo,

Porque ao querer-te

falta-me o ar...

Quintessência

Seu olhar!

Meu desejo quente

Chora no quarto

Nada a fazer de fato

Senão questionar:

Que fazer da vida,

Dessa queixa

A se quedar?

O coração quebrado

Por apenas querer

Amar?


































































domingo, 24 de abril de 2011

Sentimentos como cerejas

Lamento
Essa raiva de ter
Sentimentos como cerejas...
Calda doce demais
A meus dias secos.
Vida utópica demais
A teus planos plenos...
Meu trêmulo coração
Não quer o sabor
só enlouqueço 
porque não mereço
 que me queiras...
Haste partida:
  sou só um ponto.
Tenho medo.
Thaís Ismail

domingo, 17 de abril de 2011

Imprescindível para sempre...

 



Imagem de Érica Mizutani

A temida estrada dizem sombria...

Não condiz com teu olhar doce...

Fosse , entretanto, outro tempo,

o vento me mudaria de lugar...

porque tu és tudo que queria carregar.



Não perco as lágrimas das memórias

Mas não quero fugir do que imagino

Fosse, no entanto, outro tempo

Novo tormento me separaria de ti

Sonhar-te foi tudo que consegui.



Sentenciosa a tarde leve que se cala

Sei bem, teu silêncio me adivinha...

Lamento esse sem tempo a te contar

Que tua ausência parte minh’ alma ainda...

Imprescindível para sempre: tua companhia.




domingo, 13 de fevereiro de 2011

Eu ( Florbela Espanca)

Até agora, eu não me conhecia,
Julgava que era Eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.

Mas que eu não era Eu não o sabia
E, mesmo que o soubesse, o não dissera...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim ... E não me via!

Andava a procurar-me - pobre louca! -
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a sua boca!

E esta ânsia de viver, que nada acalma,
É a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!

( In Charneca em Flor)